O Espírito & O Rito : Da dilaceração a emanação

O espírito permanece (quanto essência) e se manifesta (quanto substanticia), as diferentes manifestações/formas que se pode ter de um espírito, criam diferentes substâncias (por isso cada ritual tem um preparo diferente) e essas substância, replicam num estado específico do espírito que forma um rito, esse rito possui um propósito, esse propósito, molda o espírito naquele momento.
Logo, assim como o espírito assume uma forma no ritual, por emanar sua substância, o ritual é Aquilo que dá forma ao espírito e lhe retira de seu estado puro (estado consciente), daí os rituais de incorporação e coisas do gênero, é quando o espírito humano toma forma de espírito superior .
O ritual da uma forma ao espírito, o espírito manifesta essa forma.
Vocês de fato não atuam, somente sentem.
No ritual, é como se o espírito tivesse uma outra substância em-si que o fizesse tomar uma nova forma.
É como se você fosse a estrutura molecular, o espírito a H²
E o ritual trás a substância (elemento derivado da alma superior), feito elemento 'O' (oxigênio), que por emanação te molda, temporariamente, numa nova estrutura a fim de lhe dar respostas e capacidades; Esse tempo de conjunção espiritual é o que vocês chamam de ritual.
Quanto mais a mente (ser) se une ao Eu (espírito) mais forma ela dá ao segundo (ao espírito) e alcança seus objetivos (a emanação, a consciência, a verdade).
“O eu não tem razão para aferrar-se à forma da autoconsciência contra a forma da substancialidade e objectividade, como se tivesse medo da sua alienação; a força do espírito consiste em permanecer igual a si mesmo na sua alienação e, como que é em si e para si, em pôr o ser para si somente como momento, como se punha o ser em si“.
(Hegel, Fenomenología del espíritu)
Quando o espírito toma outra forma, ele não deixa de ser o.que é, mas de ser parte do que é.
É semelhante ao texto do Um que você postou em Próclus: Ainda que o um não seja o Um ele o é, mesmo não sendo, pois uma vez que o compõe, ele é, mas como não é totalmente, ele não o é.
O espírito também.
O espírito é espírito-racional, mas ele não é, pois não tem a totalidade, porém é, pois tem a essência (quanto espírito).

Dilaceraração do Espírito é quando o espírito tenta tomar forma mas ele não pode faze-lo por si só, somente por um contexto, esse contexto é a mística (para os antigos).
O ritual é um fenômeno histórico, diferentes sociedades, diferentes ritos.
Mas a mística não. A mística é inerente pois ela não é objeto, ela é fenômeno atrelado não a consciência (como a cognição) mas ao espírito.
Sendo assim, a mística (que é esse processo artesanal do espírito) perpassa a historicidade dos ritos.
O problema é que os ritos sofrem Influência histórica e dialética, assim, as suas formas mudam e se alienam constantemente, entre guerras, políticas etc...
Essa mudança no rito é uma forma de se alienar a mística (quanto fenômeno) e consequentemente o espírito, que só pode resultar em um espaço/Espírito dilacerado que não se sente parte do Um mas sim um elemento vindo dele e rejeitado. Hegel já enfrenta essa perspectiva em seu contexto histórico, por.isso ele.vai ver essa ritualidade como algo dilacerante ao espírito .
Pois aquilo que não molda, deforma. Se o ritual não molda (mística), ele deforma (dilacera), fazendo com que tudo tenha certa incompletude, até mesmo o espírito é sua busca ao Um.



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